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O que Bracks faz no Santos? Executivo detalha função e crava: "Estaremos na Série A em 2025"

Diretor recebe o ge na Vila, diz quais são suas principais atribuições e promete mudanças pontuais no elenco em caso de acesso

O que Bracks faz no Santos? Executivo detalha função e crava:
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O trajeto de pouco mais de 1,5 km entre o CT Rei Pelé e a Vila Belmiro virou símbolo da nova rotina de Paulo Bracks. Controlador, onipresente e obstinado, o diretor executivo do Santos organizou sua sala no estádio para receber a reportagem do ge, na última segunda-feira, e detalhar a nova vida.

Há um mês no cargo, ele tem a função de reorganizar todos os setores do clube, incluindo o futebol.

– O meu perfil é esse: de colocar ordem. Organização. Eu não trabalho com desorganização. Com aquilo de "do jeito que está, está bom" ou "sempre foi assim", coisas que a gente ouve muito no futebol. Eu quero tornar a gestão ainda mais profissional. Essa é minha bandeira. Gosto de estar presente, sou de presença física. Vou nas áreas, faço incursões diárias, estou na base, no feminino, no profissional e na Vila. Essa é minha forma de trabalhar. Sou a ponta final da linha executiva. Abaixo da presidência, mas acima de todas as áreas, que, se conectadas, geram consequências positivas para o clube. O ano de 2023 foi o pior da história do Santos e estamos aqui para reconstruí-lo.

Na prática, Bracks é o chefe de todos os departamentos do clube. Do almoxarifado ao futebol profissional, tudo passa por ele antes de chegar ao presidente Marcelo Teixeira. Assim, naturalmente, em um mês de trabalho, já foi obrigado a "mexer nas águas".

– Fui muito bem recebido, principalmente no futebol, onde é mais delicado. Creio que pela minha experiência e bagagem, isso foi facilitado, sinto como se já estivesse há tempos no clube, a ponto de me cobrarem por não ter ido em uma das viagens do elenco, a de Maceió, quando tive compromissos por aqui. Nas áreas, é claro que preciso gerar desconforto. Que é positivo. Não vi caras ruins, mas entendo que seja necessário tirar alguns assuntos da zona de conforto, que não combina com a eficácia que busco. Estou adaptado e feliz – completa o dirigente, com passagens por Vasco, Internacional e América-MG.

Veja a entrevista do ge com Paulo Bracks:

 

ge: Você consegue dar exemplos práticos do que é chefiar todas as áreas e do que já fez até aqui?
Paulo Bracks:
– Sim! Dentro do jurídico, fiz a revisão de todos os contratos que estão em vigor, também as definições de novos modelos não só de negociações com atletas, mas modelos de negócios fechados com outras áreas, como fornecimento de material esportivo, patrocinador, demandas que o clube tem não só trabalhistas, mas também na área desportiva. Também fizemos reuniões pontuais com a Câmara Nacional de Resolução de Disputas, CBF, com escritórios de advocacia, além de mudanças bem pontuais nas condições de vendas nossas. Atuei na venda do Joaquim (ao Tigres, do México), que foi uma das maiores recentes do clube e a maior de zagueiro que tivemos. Atuei diretamente no final da venda do Lucas Pires. Essas são algumas ações pontuais minhas dentro de uma carta branca que recebi para controle de gestão.

 

– No financeiro, controlo o fluxo de caixa diário, decisões de pagamentos, reuniões com credores do clube, entendo demandas, equaciono demandas. A venda do Joaquim, por exemplo, foi a resolução de um problema jurídico e financeiro de gestões passadas. Pagamento algo para evitar um transfer ban futuro. Eu me deparo toda semana com a chance de transfer ban, e preciso agir preventivamente. Se não consegue agir preventivamente, precisa reprimir rápido. O último transfer ban foi uma demanda de quatro anos. Controlo orçado e realizado, orçamento até dezembro, com mês a mês com nossos gastos, busco trazer novas receitas através do departamento de marketing, patrocínio, licenciamento de produtos. Santos é uma marca muito forte. Temos potencial para gerar receitas novas.

– Na base, temos feito revisões de contrato, transição de jogadores para que os atletas transitem da base do profissional com menos déficit, não só de questão física, mas também contratual. Santos não pode mais perder jogadores por falta de proteção contratual. Nos últimos cinco anos, vários saíram e não geraram receita para o clube e isso não pode acontecer mais. Tenho contato semanal com o feminino para tentar essa virada dentro do Brasileiro e também prestigiando a preparação para Libertadores. A base, dentro da estrutura como norte a melhora, se o Santos já revela tantos atletas, imagine com estrutura melhor. Atletas são muito bem recebidos, Santos abraça o jogador da base.

É como se você fosse, também, os olhos do presidente?
– Sim, o presidente tem vários olhos no clube. Mas a minha parte é uma parte importante de gestão executiva. Não preciso ser visto por ele, mas ele precisa ver o resultado do trabalho, a estratégia desenvolvida e o resultado. Não é só no papel, mas é na execução. Tenho autonomia. E tenho feito. É um clube muito grande, não só de marca e história, com muitos funcionários, com muitas áreas para gerir. Fui até no almoxarifado, que é uma área distante do futebol. Estoque de peças. Controle de saída de material. Tento estar fisicamente em todas as áreas ao mesmo tempo.

 

Quando você chega no clube, há uma certa dúvida sobre sua relação com o diretor de futebol Alexandre Gallo e sobre quem passaria a tocar as negociações do futebol. Como ficou isso?
– É um dos gestores que eu tenho sob meu guarda-chuva, como finanças, marketing e por aí vai. Todos eles estão abaixo de mim no organograma do Santos. Mas, obviamente, o futebol é o carro-chefe. E ele é o gestor desse carro-chefe. O meu trabalho no futebol profissional está bastante intenso, vou todos os dias ao CT e eu tenho conversas com ele todos os dias e sobre todos os assuntos que estão com ele. Mas é Gallo quem conduz.

 

– Imagine a contratação de um jogador: ela tem sua origem com a minha participação junto ao Gallo e ao departamento de análise de mercado que ajudei a remodelar com dois profissionais. Eu trabalho na origem dessa contratação, na definição do nome, ao entender a carência, perfil. A partir daí, Gallo é quem conduz o negócio.

 

– Avançando ou travando não por questões dele, eu estarei novamente ao lado. Volto ao processo na ponta final, após a condução. No jurídico, financeiro e até no marketing, eu estou por cima, então volto ao processo para definir o melhor contrato e melhor condição. É a minha participação direta no início e no fim, e não no meio. Tenho dado total respaldo ao trabalho dele, tenho ficado ao lado quase que o tempo inteiro. Vou aos treinos, jogos e só não fiz uma viagem. O respaldo é não só para ele, mas para comissão e grupo de jogadores.

Mas você tem o poder do veto no final?
– Não é poder do veto, isso é do presidente como linha final. Mas eu tenho as minhas ingerências dentro de um âmbito financeiro, jurídico e até desportivo. Acontece normalmente. Acredito que a gente tenha essa decisão coletiva para minimizar riscos e problemas. Alguns de gestões passadas, queremos evitar ter problemas para frente. Não com veto, mas ponderações importantes.

Nas suas experiências anteriores, você era diretor de futebol. O mercado não te procura para negociar diretamente?
– A minha função nos últimos clubes era a função dele. No Vasco, no Internacional e no América era a minha função. Claro que o mercado conversa comigo. Eu sou uma pessoa dentro do clube que é procurada, consultada ou requisitada em negociações. Isso tem acontecido e acho natural. Ele sabe que isso é natural. Mas temos conseguido trabalhar de um jeito que ele tenha autonomia nos negócios, dia a dia com o elenco, definições no futebol. Mas eu estou sempre presente. Claro que o mercado se fala, eu repasso. Não faço nada paralelo e ele da mesma forma. Não estamos em linha paralela. Acredito que seja algo positivo. Sem esquecer que também estou em outras áreas.

 

O que você acha que precisa mudar no futebol do Santos hoje?
– Algumas mudanças são feitas aos poucos. Toda área precisa de melhor organização e gestão. Dentro do futebol, o principal são os resultados e temos conseguido. Eu acho que a administração do elenco e CT passa por melhoria diariamente. Não com mudança radical e drástica, mas devagar e permanente. Já foi tomada decisão sobre logística, já fizemos alterações não só de treinos, mas de viagens. Fretamentos, preservação maior do descanso e recuperação dos jogadores. Já está sendo olhado com mais cautela. Mas acho normal e natural enfrentar esses problemas numa Série B, dentro do Brasil, de um calendário que te dá dez dias e depois apenas 24 horas. Mudanças pontuais e paulatinas são melhores do que mudanças drásticas no meio da temporada. Estou atento a tudo, desde uniforme, logística, até montagem de elenco.

Você tem participado das reuniões do Santos com a WTorre para a construção do novo estádio? O torcedor anda um pouco descrente sobre a viabilidade e andamento do projeto...
– Não posso falar muito, existe trâmite, documentos, reuniões. Estou a par, sim, do assunto. É uma realidade. Vai ser uma realidade que será falada no momento oportuno. Sinto nas reuniões e conversas que tenho tido, não necessariamente com a empresa que você citou, é que vai acontecer. O Santos vai ter uma nova arena. Isso é uma reinvindicação o mercado em face dos concorrentes do clube. Vai acontecer da melhor forma para o Santos. Isso está sendo tratado com cautela, mas com convicção.

Qual a sua meta no Santos?
– Deixar o legado de uma bandeira profissional, contribuir com isso na gestão e não só sejam resultados positivos dentro de campo, mas também dentro das áreas. Para que o Santos tenha uma subida de andar, resgate, reconstrução e respeito à história do clube. Infelizmente, houve uma mancha na história e precisamos reconstruir.

Fonte/Créditos: Globo Esporte

Créditos (Imagem de capa): Globo Esporte

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